segunda-feira, 24 de março de 2008

Balada De Madame Frigidaire - Belchior

Ando pós-modernamente apaixonado pela nova geladeira.Primeira escrava branca que comprei, veio e fez a revolução.Esse eterno feminino do conforto industrial injetou-se em minha veia, dei bandeira!e ao por fé nessa deusa gorda da tecnologia gelei de pura emoção!Ora! desde muito adolescente me arrepio ante empregada debutante.Uma elétrica doméstica então... Que sex-appeal! Dá-me o frio na barriga!Essa deusa da fertilidade, ready made a la Duchamp, já passou de minha amanteVirou super-star, a mulher ideal, mais que mãe, mais que a outra... Puta amiga!Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope se cansaram de dizer:Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, Família pra quem já tem frigidaire?É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher.Eu me confundo, madame! E a classe média que mame se o céu, a prazo, se der!Que brancorno abre e fecha sensual dessa Nossa Senhora Ascéptica!Com ela eu saio e traio a televisão, rainha minha e de vocês.Dona frigidaire me come... But no kids double income! Filho compromete a estética!Como Edipo-Rei momo, como e tomo tudo dela... Deleites da frigidez!Inventores de Madame Frigidaire, peço bis! Muito obrigado!Afinal, na geladeira, bem ou mal, pôs-se o futuro do país.E um futuro de terceira, posto assim na geladeira, nunca vai ficar passado.Queira Deus que no fim da orgia, já de cabecinha fria, eu leve um doce gelado!Mister Andy, o papa pop, e outro amigo meu xarope, se cansaram de dizer:- Pra que Deus, Dinheiro e Sexo, Ideal, Pátria, e Família pra quem já tem frigidaire?É Freud, rapaziada! Vir a cair na cantada dum objeto mulher...Mas que trocadilho infame! La vraie Ballade des Dames du Temps Jadis... au contraire!