segunda-feira, 23 de março de 2009

Arte – 1 - Marquim do Gonzaga

A VISÃO DE PLATÃO E ARISTOTELES SOBRE A ARTE (BELO).

Lamentável, porém massificada, a idéia de que “gosto não se discute” é bastante comum e será objeto do trabalho proposto.
Filósofos como Platão e Aristóteles se comportaram ou manifestarão suas opiniões sobre esse assunto. Penso que essa disposição ao questionamento do belo, a busca pela compreensão e delimitação do conceito de beleza, têm sua importância para o homem.
Para esses dois pensadores, Platão e Aristóteles, o belo foi motivo para bastante debate. Para Platão veio como manifestação do bem, para ele a beleza é perfeita. Já em Aristóteles havia uma simetria, sendo o belo feito pela ordem e pela simetria.

Vejamos:

Para Platão é a idéia suprema da beleza que vai determinar o que seja mais ou menos belo. O belo é o bem, a verdade, a perfeição, tudo no mundo das idéias. Platão mostra-nos dois rumos: o mundo das idéias, conhecimento superior, ou seja, absoluto e estático; e o mundo dos homens, onde a arte é vista como imitação de algo que já é imitação do que há no mundo das idéias, ou seja, cópia. Diz ele: “ora, imitar alguém, ou pela palavra ou gesto, não é representar a pessoa imitada?” . Desta forma, a arte que se revela no mundo sensível é cópia imperfeita, pois se baseia na copia do homem no mundo e esse homem já é uma copia do Mundo das Idéias.
Preocupado com a narração e Imitação, Platão mostra que de certa forma gera-se um problema, e uma vez que não controlada elas, tanto a imitação como a narração são perigosas ao estado. Dando como “solução” para esta situação as seguintes idéias: todos deveriam ser orientados desta criança para tal profissão, tornando-se assim homens por excelência; Imitação só do que é nobre, nada de imitar problemas das mulheres, dos escravos, dos pervertidos. Tomando todas as preocupações necessárias para que a imitação não possa trazer, prazer na realidade; a narração não deve sofrer modificações de qualquer jeito, só em graus reduzidos e tendo sempre como o bom estabelecido por lei. Temos, portanto, uma preocupação no que se refere ao conteúdo e a forma, sendo que o conteúdo não se pode mostrar ou dar ênfase aos problemas sócios e a forma será há que convém a cidade, a lei.

Aristóteles acredita que o belo é a simetria, algo que sendo bem, é agradável porque é bem, onde conjuga as três dimensões de ser, a beleza, bondade e a verdade, e elas estão umbilicalmente unidas. A arte, embora seja uma imitação, é feita pelo homem, de forma tal que não pode estar distante daquilo que é sensível ao homem. Desta forma, a arte é uma imitação, porém, não imitação de uma imitação como vimos em Platão, mas sim imitação direta do próprio ser. ( Segundo Martins filho -2006-, pg. 183.)
Aristóteles se apresenta dividindo os assuntos que trata segundo a espécie, “falemos da poesia dela mesma e das suas espécies” (3) e depois afirma: "A epopéia, a tragédia,assim como a poesia ditirâmbica e a maior parte da aulética e da citarística, todas são em geral imitações. Diferem porem, uma das outras por meios diversos, ou porque imitam objetos diversos ou porque imitam por modos diversos e não da mesma maneira." (pág.25).

Assim, portanto, distingue dois tipos de arte: as que possuem uma utilidade prática, isto é, completam o que falta na natureza; e as que imitam a natureza, mas também podem abordar o que é impossível. O que confere a beleza uma obra é a simetria, ou melhor, uma justa medida.
Fica claro a influencia de Platão em Aristóteles, mas não podemos negar também que há um avanço na forma de ver a arte na visão de Aristóteles. Em Platão, temos uma preocupação com a arte frente à lei, de forma que, descrevendo como deveriam ser tratados os deuses, os demônios, os heróis e os que demoraram nos hades, Platão nos mostra sua preocupação com os poetas e oradores, e indica como deveria ser o agir da arte frente à realidade do estado. Por outro lado, Aristóteles, fazendo uma leitura um pouco mais aprofundada da arte divide-a em vários pontos e tira-lhe do caminho do mundo ideal. Assim, enquanto Platão prende belo ao mundo ideal, Aristóteles o traz de volta ao mundo do homem.
Outro ponto que podemos observar em relação a esses pensadores é que em Aristóteles o conceito de poesia como imitação de ações, contrapõe ao de Platão, para quem a poesia era narração de pura imitação e desta forma a imitação aristotélica, processando-se por meios, objetos não se confunde, porém, com cópia ou reprodução fiel da realidade.
É da filosofia da arte estudar questões do seguinte tipo: A beleza é objetiva ou subjetiva? Qual é a função da arte? Para que aspectos de nossa natureza apelam às diversas formas de beleza? E ai estudando Platão e Aristóteles, constrói-se nossos conceitos relativos a essas idéias. São idéias que nos inspiram, maravilham e que fazem de nós melhores seres humanos, mostra-nos que há respostas insatisfatórias que aceitamos sem criticar e também oferece orientação a todas as pessoas, crente ou não crente a buscarem um novo entendimento sobre a beleza e a arte.

BIBLIOGRAFIA
DUARTE, Rodrigo. O belo autônomo: textos clássicos de estética. Belo horizonte / MG: Editora UFMG,1997.
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2000.
MARTINS FILHO, Ives Gandra da silva. Manual Esquemático de Filosofia. São Paulo: LTr Editora, 2006.

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